Turquia e seus Tesouros

Do ponto de vista Geopolítico a Turquia é de importância inquestionável, está situada entre Europa e Ásia, tem mais de 80 milhões de habitantes e tem IDH alto.

Em 10 dias visitando a Turquia tive uma percepção bastante positiva por onde andei, senti um País em crescimento, uma certa sensação de segurança, um patrimônio cultural extraordinário e sítios naturais e de belezas artísticas surpreendentes.

Claro, me baseio apenas na percepção do turista sem observar dados e informações estatísticas mais apuradas, mas achei um Pais menos desigual, os carros lá são mais simples, a alimentação baseada em proteínas de origem vegetal, peixes e aves, e poucos sinais de pobreza extrema. Mesmo sabendo que os locais turísticos são sujeitos a maiores atenção e cuidados, pude observar esses sinais positivos. É bom lembrar que a inflação é galopante, mas eles tem uma espécie de anteparo e proteção cambial de moedas fortes (dolar, euro), mesmo porque tem um pé na Europa e outro na Ásia.

De tão interessante foi o passeio, que espero um dia poder retornar a Turquia, se as condições físicas e financeiras permitirem.

Vamos para a Turquia

Saímos dia 31/5/2024 de Fortaleza para São Paulo pela Gol e logo no aeroporto de Fortaleza tropecei na bagagem de uma senhora e machuquei o mesmo braço esquerdo que tinha amanhecido inflamado dias atrás sem motivo aparente. Pensei com meus botões, cair no começo de uma viagem dessa não é nada bom. O segundo susto, com o preço do taxi avulso de Guarulhos até a casa da Sirley em São Paulo, R$ 200,00. Absurdo. Consegui negociar por R$ 170,00.

Na próxima viagem levo menos bagagem, apenas o necessário. Ah, nunca esqueçam o guarda-chuva.  Se não chover, protege contra o sol que pode ser cruel nestes novos tempos de mudanças climáticas e intrusos.

Fomos muito bem recebidos pela querida prima Sirley, grande anfitriã na sua casa em São Paulo. No dia seguinte, feriado de primeiro de maio, passear e depois descansar o corpo para a viagem de 13 hs direto de São Paulo para Istambul.

Nesses dias em São Paulo Sirley recebeu a Fabiola prima da Eunice que trouxe uma bela orquídea. Ganhei um vinho branco do Alexandre, seu marido dentista e paulista de Santos, muito agradável e comunicativo. Fabiola exerce a medicina em São Paulo, eles nos brindaram no dia seguinte num local chique com um vinho e jantar na capital paulista. No sábado tomamos mais um vinho com a Carla, e almoçamos na casa da Sirley um delicioso bacalhau com o seu neto Pedro e sua filha Thalita, seguimos depois para o aeroporto de Guarulhos. 

Após 13 horas de voo direto de São Paulo chegamos em Istambul no dia 5/5, num excelente e confortável voo pela Turkish Airlines, sem nenhum contratempo, zero turbulência e com grande mordomia. Nesse voo passamos pertinho de Fortaleza, antes de atravessarmos o Atlântico, para alcançar o continente Africano, o avião mostrava um mapa onde a gente sobrevoava, entramos por Dakar no Senegal, pude anotar locais com nomes complicados como, Adrar na Argelia, cidade num oásis do deserto de Saara, Agadir no Marrocos, entre outras. Os lugares ocupados no avião eram diferenciados, um pouco mais caros (1400 reais) tornaram a viagem melhor ainda. Viajamos junto de uma Libanesa grávida, muito saudosa do marido que ficara em São Paulo

Chegamos finalmente em Istambul. Aeroporto gigantesco. Ficamos um pouco perdidos e desorientados naquele mundo diferente e esquisito, espaços de vão livres enormes, idioma inteligível, totalmente estranho, nem o inglês se lia ou ouvia. Preocupado com a balela do ship para não ser surpreendido com custos de operadora, não fiz nem uma coisa nem outra. Um grupo se formou com turistas do sul do Brasil, todos procurando saber onde era a esteira de recolher a bagagem, o tal do portão B, que caprichosamente era o último do enorme aeroporto de Istambul. Conheci o carioca Jose Guimaraes, que vinha pela Abreu e imaginei, seria um grande companheiro de viagem. Nós dois ficamos tateando atrás do portão B, e a muito custo encontramos. Não deu tempo providenciar a operadora adequada, ficamos no modo avião, sem ship e sem comunicação normal com o Brasil. Daria uma sugestão: quem for para a Turquia compre aqui mesmo o ship e não sintam-se isolados no destino. Enfim, dias 4 e 5 de maio foram de desembarque, deslocamento e trânsito em Istambul, a maior cidade da Turquia e da Europa e a única no mundo que ocupa 2 continentes, Europa e Ásia. Utilizamos o volcher do aeroporto e 40 min depois estávamos no excelente hotel ELITE WORLD. A noite adoramos sua excelente sopa de aspargos por 350 liras turcas, mais ou menos 10 euros.

Capadócia, uma paisagem Lunar

No dia seguinte, saímos de Ancara – capital da Turquia e viajamos 230 km em direção a Capadócia, terra dos cavalos bonitos. Vemos ao longo das paisagens percorridas, inúmeros manadas de cavalos, muitos rebanhos de ovinos, poucos rebanhos de bovinos. Escassa presença de pessoas isoladas ou em grupos no campo trabalhando à terra, os equipamentos empregados na maioria são de pequeno e médio porte.

Na região de Capadócia existem 3 cidades-polo turísticas, ficamos em Urgup, dentre os seus inúmeros hotéis, no Mustafa Capadócia Resort, alguns companheiros de viagem ficaram num hotel encravado numa rocha, uma caverna com todo o conforto e acomodação de um 5 estrelas. Nosso ônibus foi busca-los cedo da manhã e eu achei um barato. No nosso Mustafa, Urgup – Nevsherir, dormimos cedo com as malas arrumadas para um café as 3 hs da manhã se não quiséssemos perder o sonhado passeio de balão no dia 9, e irmos para o local adequado para subir no balão. Previsto pagarmos 200 a 280 euros/pessoa para subir se as condições meteorológicas assim o permitissem, paguei 800 euros (eu e Eunice), muito além do previsto, mas fomos ao passeio de balão ao amanhecer na Capadócia 5 em ponto da manhã, o balão subiu  com 25  pessoas, achei muito caro. Fazendo os cálculos grosseiramente, totaliza uma arrecadação bruta/balão/hora  de 10.000 euros.

Cesar e Eunice apreciando, do balão, os céus da Capadócia

Chegamos no horário, uma fila meio desorganizada, notei falta de uma escada mais segura, enfim, entramos desajeitados neste mais leve do que o ar. Um belo espetáculo é a vista daquele horizonte cedo e aparência lunar da manhã cheios de balões carregados de felizes turistas, agora mais leves, com menos euros nos bolsos. Subimos e foi emocionante, talvez uns 800 metros, de instantes em instantes, uma língua de fogo ardia no interior do balão para expandir o gás, com a zoada de um dragão que tornava a viagem mais emocionante ainda

Na descida percebi que nosso balão iria pousar entre duas colinas íngremes e de cima lançaram umas cordas seguradas pela equipe de apoio que nos conduziu a uma plataforma de pouso sobre uma camionete e esse pessoal ajudou os passageiros a descer do cesto para a terra firme. Nos receberam com algumas garrafas de champagne, após os efusivos drinques, entregaram a cada um de nós um certificado  de comprovação da viagem.

CAPADOCIA, é uma região famosa e turística da Turquia e o nome significa terra dos cavalos belos. Ressalte-se, que em toda a meseta e paisagens turcas raras vezes vi extensas criações de bovinos, vi muito cavalo e ovinos. Industrias de açúcar de beterraba, também tem bastante, plantios de oliveira, trigo, cevada. Inclusive papoulas. Existem também muitas rosas tanto em cultivos como no modo silvestres, por sinal belíssimas, vi também a bela, rara e triste rosa negra. Não vi muita gente nos cultivos, presença de equipamentos tecnológicos de médio porte. Toda a região já foi palco de inúmeros vulcões e após intensa atividade sísmica e geológica deu origem a um mundo diferente e de aspectos lunar, único.

Visitamos Goreme, outra exótica cidade na Capadocia, um antigo monastério, com inúmeras igrejas e locais onde os cristãos fugindo das forças perseguidoras do Império Romano, iam pregar na região. Se refugiaram nas cavernas, ficavam vivendo nas cavernas, juntos com trogloditas. Foi ali que tivemos as primeiras notícias da fabricação de vinhos. São Paulo pregou nesta localidade onde tem um castelo muito famoso e igrejas nas cavernas, onde também viveu São Basílio.

Neste local vimos formações vulcânicas com aspectos esquisitos e similares à silhuetas conhecidas como nossa senhora segurando um menino, chapéu de napoleão, camelos e outras. Por falta de acesso ao mar, o casamento era a hora de se formar uma poupança para começar a vida segundo os hábitos e costumes antigos, eram armênios, assírios, turcos, ouro oferecido, ao novo casal. Os sultões, govenadores, essas lideranças podiam casar com 4 mulheres e terem um anel de harém, constando de uma pedra que representava a favorita, ouro com 4 pedras, representando amor, paixão, modéstia. amizade. Ofícios eram importantes, tais como artistas, ourives, carpinteiros, por sinal Jesus tinha conhecimentos de carpintaria.

Eunice entrando em Ortahisar – Nevcehir

De saída passamos em Ortahisar, um município da região da Capadócia, pertencente ao distrito de Urgup, na província de Nevcehir, na região administrativa da Anatólia Central. Visitamos uma fábrica de tapetes, com exposição das condições de produção, mercado, enfim um panorama da cadeia produtiva e qualidade do produto muito apreciado.

A noite fomos de ônibus a uma festa na capital da província em Nevçerir, extremamente bela, participativa, muito alegre e envolvente. As músicas e coreografias são de uma alegria contagiante, bastante sensualizadas. O tempo passou rápido nesta festa, regada a comidas locais e vinhos com o pessoal da nossa mesa dançando, para mim significou um ótimo e descontraído momento da viagem.   No dia seguinte iniciamos numa visita a Ortahisar, que tem um belo castelo feito na rocha. Procurei saber a base econômica, do que viviam aquelas pessoas que habitavam as cavernas? Criação de pombos, estes produziam material para adubação e plantios onde permitiam uma agricultura descontinua e carne de pombo e apicultura. Interessante. Nos hotéis visitados notei a presença constante do mel de abelha em favos, que tem um gosto especial. Uma delícia. Depois, também exploraram alguns tipos de fibras nas planícies, fechando a cadeira produtiva da indústria de tapetes. Ainda hoje tem gente morando nas cavernas da Capadócia. Passaram-se alguns anos de dificuldades, quando descobriram mais recentemente o filão do turismo, vejam o grande filão que a indústria do turismo proporcionou a aquela gente, a sutileza, a exuberância dos balões. Tudo é motivo para se ganhar dinheiro, desde a venda de souvenirs, restaurantes, hotéis, guias, logística, marketing da poderosa cadeia de valor do mercado de passeios de balões. Tem muito o que se ver, tudo muito alinhado à riqueza cultural da Turquia. Conventos, igreja, hoteis e residencias encravadas naquelas cavernas.

Cesar em Ortahisar- maio de 2024

O filão começou a ser explorado mais recentemente, na década de 90 e com acelerado impacto no mundo todo, vide exemplo do Brasil propagado por uma novela da rede globo. Imaginem o impacto que tudo isto teve nas demandas por conhecer e visitas à Capadócia. Em Ortahisar estivemos numa vila agrícola e no vale do amor, inclusive com sua esculturas naturais conhecidas como Chaminés de Fadas.

Konya,  Pamukkale e seus tesouros

No dia 10/05 fomos para Konya, depois de percorrer na conservada estrada 250m km de Capadócia, cidade histórica e coração tradicional, onde as mulheres não se sentem bem em ver turistas mulheres sem o véu,   e ponto da antiga rota da seda. Ficamos no Grande hotel de Konya, onde vimos uma das mais belas vistas da viagem. Visitamos o museu Mevlana, nome que significa majestade da religião, é ali o mausoléu de um mestre sufi Jalai Ad-Dim Rumi,  um poeta místico e humanista que pregou a humildade, sabedoria e amor. Passamos por um vestígio de civilização Caravançarai de turcos seljúcida. Konia é uma da cidade mística e religiosa, os pontos principais da cidade são mesquitas e museus.

Chegada de Cesar e Eunice em Konya

Importante salientar que na Turquia se transpira história e antiguidades, o conservadorismo secular é muito forte, um caldeirão que contrasta culturas, ocidental, e a tradição e secularização oriental. No seculo XX, nos anos 20, houve uma clara e forte ruptura, um verdadeiro terremoto cultural, com o advento da republica através da abolição do califado dos sultões otomanos. Imaginem o choque, a ruptura que os costumes ocidentais causam naqueles nativos, que tanto precisam de divisas quanto repudiam algum desses valores. Isto para mim explica explosões de ódio que alguns não compreendem neste mundo tão diferente.

Saindo de Konia andamos 400 km para Hierapolis, cidade antiga de 300 anos depois de Cristo, patrimônio mundial da Unesco, no sentido de Pamukkale, formação de cascatas brancas oriundas de sedimentos de calcário. Eunice tirou o tênis e andou pelas águas alcalinas deste lugar. Após o almoço, visita as ruinas da cidade grega de Hierápolis, onde vimos vários locais que as pessoas faziam ginástica, teatro, império grego 200 anos ac., sítios que formam piscinas que descem em cascata numa colina e possuem águas termais, que produz o carbonato de cálcio; e depois de milênios o mármore travertino, num local chamado castelo em algodão. Tem indícios de que aqui a rainha egípcia Cleópatra adorava tomar banho na época em que esteve casada com Marco Antônio.  Um fato bastante registrado e muito lamentado foi e ainda é constatado o roubo de túmulos, os incontáveis sítios arqueológicos tiveram seus tesouros violados, desviados para as mãos de ladrões por terem valor, antes   que chegassem nas mãos de arqueólogos, e de estudiosos de história e de arte, ocultando e deturpando as verdadeiras conclusões, por serem incompletos. Isso sem falar das mudanças de cena e palcos decorrentes das intempéries climáticas e seus eventos naturais, incêndios, terremotos, ciclones  etc.

Cesar em Hierapolis

No dia 11/5 as 19 hs, um sábado, tomamos um vinho, apenas eu e Eunice no Hotel Colossal Termal Spar e paguei 75  reais. Convidei o companheiro de viagem Nelson que preferiu ir dormir mais cedo, já cansado de tanta viagem. Ele agiu muito certo. No dia seguinte, devido ao vinho, amanheci com uma forte dor de cabeça e procurei uma farmácia e não encontrei na correria. Descobri que na Turquia as farmácias não são tão numerosas, uma dificuldade encontra-las, ao contrário daqui no Brasil que tem uma em cada esquina.

Eunice na mesquita do museu de Mevlana

Éfeso e Bursa

Após mais 180 km chegamos a Éfeso e ao sitio arqueológico de Éfeso, segunda maior cidade do império romano. Para mim o ponto alto da viagem a Turquia, visitamos emocionados a casa onde morou a Virgem Maria por 9 anos no alto da colina Koressos, um santuário católico. Nossa Senhora é também muito querida e respeitada pela comunidade mulçumana. Ela morava nesta casa sozinha sempre com o apoio de João, que ficava no pé da colina e lhe prestava o necessário apoio. O nosso guia Cauã disse que a casa era impossível de ser a original de 2000 anos, mas o local teria sido preservado e reconstruído. Neste ambiente sagrado, fiquei surpreso com a infinidade de pedidos de graças a Virgem, por escrito, afixados em um muro, achei também que deveria ter um local com registro de visitantes citando pelo menos uma obrigação de cada um ter a condição de ser um bom cristão, não apenas fazer pedidos pedidos de graças.

Cesar no desfile de modas

Durante a visita a região assistimos a uma exposição, um evento com descrição e apresentação de roupas de couro, um desfile de moda em um centro exportador de couro, em Kuzadasi, em alto estilo e grande impacto, muito requintado, e interessante, tive oportunidade de experimentar uma jaqueta de couro. Além de muito caro, 500 dolares, prefiro um gibão aqui do Ceará mesmo, com um chapéu e tudo de couro. Desisti, mas um amigo de viagem, o Nelson, de porte alto ficou bastante elegante, se engraçou e comprou um, ficando parecido com um autêntico califa.

Casa onde morou Nossa Senhora

A noite me preparei todo para tomar um banho nas águas do mar Egeu, saímos despistando com toalha e sunga por baixo da bermuda para desfaçar, de repente..faltou coragem, achei a água muito fria, diferente aqui do Atlântico.

No dia seguinte saímos para a região de IZMIR a 120 km, em direção a Bursa, antiga capital da Turquia e mais 100 km até Istambul, fechando o cerco. Passamos em Bursa, antiga capital do império Otomano, uma das mais populosas da Turquia. Em Bursa existe a mesquita verde, muito bonita. Na visita a mesquita verde tivemos problemas com uma chuva torrencial, retirar o sapato e enfiar o pé na água é osso, e estávamos sem nenhum agasalho, nem capa e nem chapéu. Um problema para entrar descalço, algumas mulheres não tinham o necessário véu, obtidos com dificuldades.  Enquanto em Istambul tem a Mesquita azul em Bursa tem a mesquita verde e o nome deve-se aos azulejos verdes de Isnir que revestem internamente toda a mesquita, por sinal muito bonita. 

Eunice em Bursa

O sultão Mehemer Çclebi I fez a mesquita verde em 1421 e está enterrado junto com sua filha no mausoléu que ele mandou construir ao lado.  Também tem um monumento ao lado da mesquita que é conhecido como um lava pés.

A viagem para Istambul foi tranquila, ficamos no mesmo hotel do início desta excursão; o retorno para São Paulo e daí para Fortaleza-CE, mais de 16 horas de voo ocorreu dentro da mais alta paz e tranquilidade. Foi uma viagem de sonhos. Valeu, Turquia maravilhosa.

Perdidos em Istambul

Dia 6/5 começou efetivamente a nossa viagem de turismo. O guia nos entregou uma sacola com um dispositivo eletrônico para que ouvíssemos suas explicações quando distantes dele. Após o café da manhã, as 8, o ônibus nos levou do hotel para o coração histórico de Istambul, visita a Igreja de Hagia Sofia, que em turco significa sagrada sabedoria e foi construída entre 532 e 537 pelo império bizantino, igreja católica ortodoxa e fruto do cisma no oriente em 1054  para ser a catedral de Constantinopla. Em 1453 tornou-se uma mesquita mulçumana e dista 600 metros da Hagia Santa Irene, o nome da minha mãe, a igreja mais antiga do Império Romano do Oriente.

Após a conquista de Istambul em 1453 a igreja foi incluída nos jardins do palácio de Topkapi e não foi convertida em mesquita após sua conquista. Foi residência de sultões otomanos durante 4 séculos, simboliza o poder que Constantinopla alcançou como sede do império romano. Ela foi construída durante o reinado do imperador romano Constantino, o Grande, por volta do início do século IV. Constantino encomendou a construção da igreja Hagia Irene em nome de um santo que viveu naquele período durante os motins de Nika em 532, Hagia Irene foi queimada e destruída, mais tarde, Hagia Irene foi renovada pelo imperador Justiniano, a antiga igreja também sofreu danos por terremotos e teve que ser reformada e reconstruída  várias vezes.

Entramos no harém do palácio, do século XVI, alojamento privado dos governantes otomanos, esposas, concubinas, eununcos, filhos do sultão. Destaque na foto abaixo para Eunice nas proximidades da alcova do sultão no palácio de Topkapi.

mesquita azul

Cesar e Eunice na Mesquita Azul

O nosso guia é turco, inclusive já morou em São Paulo, tinha grande conhecimento de história, mas falava um espanhol muito rápido, talvez difícil até para quem conhece o idioma, e estava um pouco apressado para ser acompanhado pelos turistas menos atléticos, dos quais me incluo. Tanto a rapidez da expressão falada em espanhol quanto a das pernas nos fez pensar que o grupo iria para o hipódromo (a gente já estava lá), entramos num grupo errado e fomos bater num estacionamento lotado de motos, totalmente perdidos. O hipódromo já tinha sido visitado e a gente procurando com os turcos, que nada entendiam e saiam rápido, como que correndo daqueles fugir dos 3 perdidos, eu, Eunice e Sra. Lucíola, uma excelente companheira de viagem que reside em Portugal e natural do Rio de Janeiro (Copacabana).

. Harem do Palacio de Topkapi em Istambul

Eunice visitando o Harém do Palácio de Topkapi

Enquanto isso o resto do grupo já estava curtindo o bazar para onde o grupo tinha se dirigido. Então a solução seria acionar a operadora Abreu pelo telefone indicado, demoramos porque eu esperava pela D. Lucíola e vice-versa. Enfim, terminei acionando a operadora vivo, nos atenderam prontamente pedindo uma foto do local onde estávamos perdidos, foquei num comércio bem no meio de uma bifurcação de ruas, loja ROBERTO BRAVO, fácil de achar pelo nome e nosso guia rapidamente nos localizou. Estávamos muito perto do grande bazar, nos encaminhou para lá onde logo fizemos um cambio, compramos umas lembranças, foi uma visita muito rápida, prejudicada pelo tempo perdido. Encontramos uma companheira de grupo contrariada e reclamando da amiga portuguesa que estava perdida com a gente por não ter se comunicado com ela. Era a Nilse, uma senhora muito distinta também do Rio, mas que também mora em Portugal e sempre disposta a ajudar e a contribuir com o grupo, tivemos sorte, grande companheira de viagem, e no momento da reclamação, nos fez perder o foco e num instante, desgarramos do grupo novamente. Agora eram 4 perdidos em Istambul, antiga Constantinopla. Atrasamos mais uma meia hora na saída do grande bazar. Alguma coisa estava errada e eu atribuo a pressa do nosso guia e falta de uma sinalização melhor, por exemplo, usar um sinal, uma bandeirinha. Quando nos encontraram, um dos membros reclamou dizendo, perderam, perderam, não gostei e retruquei que não era culpa nossa, gerando uma certa tensão no grupo. Tomamos o ônibus e fomos para o hotel, com o compromisso de jantarmos sopa de aspargos novamente e estarmos de pé com bagagem arrumada e seguirmos viagem rumo a Ancara. Então conhecemos o importante e estratégico Estreito de Bósforo.

As 10:00 do dia 7/5 estavamos no coração do lado moderno de Istambul, área de Taksim, passamos em frente a poucas igrejas católicas da cidade.

É uma área conhecida por ter uma alegre vida noturna, lojas e restaurantes, parte europeia de Istambul, com muitas marcas consagradas, de grife. Entramos e tomamos um café no Yeniden Bekleriz. Passamos pela avenida Istikial, a mais badalada da cidade.

Alguns minutos depois estávamos no barco para atravessar e conhecer o estreito de Bósforo, não apenas um marco geográfico, mas símbolo da fusão das culturas asiáticas e europeias. Tem 32 km, a largura varia de 750 m a 3,7 km, cada curva é possível ver descobertas, capítulos, fragmentos de história. Casas de madeira, palácios suntuosos com jardins exuberantes  e mesquitas imponentes. Foi rota marítima para varias civilizações , gregos, romanos e otomano, além da mitologia onde o príncipe grego Leandro se encontrava com a sacerdotisa Afrodite. Ele liga o mar de Mármara, mar interior que separa o mar Egeu parte asiática, do Mar Negro, única saída para países como Romênia, Bulgária, Ucrania, Georgia e os portos do sul da Rússia. Devido a diferença de densidade entre esses mares, a superfície do estreito flui para o norte e a corrente submarina flui para o sul. Ao longo de suas margens nós vimos o Palácio de Dolmabahce, (de longe, a gente gostaria muito de ter conhecido por dentro), palácio de Beylerbeyi na margem asiática, a mesquita Ortakoy e o museu. O passeio durou 1 hora e 20 minutos. Após o passeio em Bósforo, fomos almoçar, na Turquia se come aves em demasia, o peixe não é saboroso como o nosso. Os pratos combinam sabores do oriente, provamos os doces turcos, kebats e o peixe fresco. As frutas predominantes são uva, o figo, o limão e uma laranjinha pequena e amarela. A maça e a pera não são tão gostosas quanto as nossas, banana vi muito pouco. Eles apreciam frutas secas em geral. Chegamos ao hotel em Ankara, capital da Turquia, as 20 hs e nos instalamos no C. P Ankara hotel resorts, um 5 estrelas de R$ 538 a diária num local estratégico vizinho a um shopping o Ankamall onde Eunice apressadamente, num golpe de sorte, comprou um bom tênis por 3000 liras turcas, cerca de R$ 508. Aprovou esse tênis e o usou a viagem inteira, o que ela vinha usando se desmanchou de tanto a gente andar atrás do guia Cauã. Entre o hotel e o shopping surgiu uma pedinte, foi a única vez na viagem que vi a prática da mendicância. Ressalte-se que aparentemente inexiste na Turquia uma grande disparidade socioeconômica que estamos acostumados a ver por aqui no Brasil.

Cesar em algum lugar no estreito de Bosforo

Fomos dormir cedo para acordar com disposição no dia 8 com as malas prontas.  Interessante é a hora da reza, todos ouvem o azan, chamado para as orações 5 vezes por dia, começando na alvorada e seguindo a linha do sol ao longo do dia.

As 9 hs estávamos em Altindag- Genclik Parki no bairro de  Cancaya, fomos ao mausoléu de Mustafa Kamal Ataturk, líder da guerra de independência e primeiro presidente da República fundada em outubro de 1923. Ataturk foi além de político um gênio militar e morreu em 1938, foi responsável pela independência e modernização do Estado turco. O local é presença obrigatória de todos os chefes de Estado e de governos que visitam a Turquia. 

 O Mausoléu de Atatürk foi construído por Emin Onat e Orhan Arda. Eles venceram o concurso para a sua construção, que abrange 75 ha, haviam 49 participantes no certame. Antes da chegada ao mausoléu, você anda em um caminho longo forrado com 24 estatuas de leões, então em seguida você vai encontrar uma grande praça e o mausoléu. No interior, um sarcófago de 40 toneladas. O túmulo do herói e fundador da república é realmente no porão.