Fortaleza – San Francisco da Califórnia (EUA)

Devido à demora para identificarem o dono de uma mala no depósito de bagagem do avião o voo atrasou. São Paulo seria o primeiro trecho a ser vencido naquele final de janeiro de 2015, saindo de Fortaleza para San Francisco. O passageiro fez o check-in junto com sua mala. Por um motivo qualquer desistiu do voo e tiveram de encontrar sua mala entre centenas; conclusão: ainda é fácil alterar horários de voos em aviões, basta um passageiro ter uma indisposição e desistir. Me surpreende tantos investimentos em tecnologias nestes aeroportos e ausência de agilidade para solucionar alguns frequentes e pequenos transtornos desse tipo. Chegando em São Paulo tarde da noite perdemos a conexão para os EUA. A TAM nos autorizou o pernoite num hotel na ESTAÇÃO DA LUZ, pagou nosso taxi depois de uma enfadonha burocracia no seu guichê em Guarulhos. Retornamos para o aeroporto cedinho da manhã, sem nossas malas e notícias se elas tinham ido na frente ou ainda estavam em São Paulo. Quantos contratempos ocorreram com os demais passageiros da TAM devido àquela mala ? Chegamos em Miami no meio da tarde. Enfim, tudo foi dando certo, mesmo com dificuldade de comunicação com uma agente da imigração americana que queria saber minunciosamente os motivos de nossa viagem para a Califórnia. Ah, sim, finalmente em MIAMI encontramos nossas malas e um funcionário enfiou as mesmas num buraco com esteira até a nossa sala de embarque. Depois de uma exaustiva diligência para encontrar esta dita sala no gigantesco aeroporto, podemos sentar e aguardar o chamado para o voo costa a costa e após 6 horas neste avião chegamos em San Francisco às 23 horas.

Eunice no bondinho em San Francisco.

Pegamos um taxi quase meia-noite do dia 27 e atravessamos San Francisco. Vi senhoras bem vestidas atravessando calmamente a rua com suas compras e bolsas. A forma descontraída como andavam me sinalizava que eu não estava no Brasil.  Na verdade passamos 3 dias por nossa  conta e risco em São Francisco, (28, 29 e 30), os 2 dias anteriores foram gastos na longa e cansativa viagem. Ficamos no Hotel Beresford, 2 quadras da Union Square. Passeamos pela Maiden Lane, e no ponto central Dewey Monument, que eleva a Deusa da Vitória aos céus. Frequentamos de dia o prédio do Macy´s onde fazíamos refeições no ultimo andar, sempre apinhado devido a qualidade e o preço mais em conta. Pela primeira vez usei aquele aparelhinho que vibra quando chega a hora de atender o nosso pedido, confesso que não conhecia tal ferramenta. Hoje é comum, a globalização difunde rápido essas novidades.

Nosso hotel tinha um espaço ao lado que de dia funcionava uma lanchonete e de noite era uma boate. Na esquina tinha um restaurante que descobrimos com comida e preços decentes, 3 quadras de onde se pega o bondinho símbolo. Esse passeio imperdível merece a gente comprar um passe por 3 dias. Após andar bastante eu e Eunice pegávamos o bondinho na própria Union Square na esquina da Powell com Post. O passeio é espetacular, aprecia-se toda a cidade, subindo e descendo aquelas ondulações, o bonde é especial, confortável, singelo, anda devagar e o turista fica num assento aberto e panorâmico. Os passageiros sentem-se bem à vontade, as peças e instrumentos mecânicos são sabiamente antigos e artesanais, verdadeiro cartão postal da cidade. O passeio tem algo de nostálgico e bucólico, serve para a gente relaxar e repor as energias gastas. É realmente imperdível, uma referência de simplicidade, tranquilidade e percebemos as coisas de perto como se estivéssemos andando a pé sem cansar, com conforto e tranquilidade. Pegamos esse transporte clássico de dia, onde fomos até o nosso passeio para um ponto turístico e agradável de San Francisco, logo percebemos que estávamos em Fisherman’s Wharf, local agradabilíssimo repleto de gaivotas e barcos pesqueiros. Sua história remete aos primórdios da cidade de San Francisco, mais precisamente durante a Corrida do Ouro.

Eunice em San Francisco, Pier 39

Depois de passearmos pelo Ferry Building Marketplace, uma espécie de “mercado municipal” de San Francisco, seguimos em frente em nosso passeio em direção ao famoso Pier 39 em Fisherman’s Wharf. Procurei, mas não vi nenhum leão marinho, e pelo menos neste dia não conferi esta atração divulgada pela internet. No caminho passamos em frente a varias lojinhas e numa dessas, de uma coreana, Eunice comprou uma touca esquisita com uma bolinha vermelha em cima e paramos um pouco em frente ao museu de madame trussot cuja matriz fica em Londres. Em frente a esta filial de San Francisco tinha uma réplica de cera em tamanho natural do ator Leonardo di Capri. Foto 2

Aproveitamos ainda para passear um pouco mais pelo pier, e fomos de barco visitar a famosa ilha de Alcatraz, bem no meio da baia de San Francisco. Entramos no presídio federal de segurança máxima que funcionou até 1963, cujo mais famoso preso foi Al Capone.  Percorremos algumas celas outrora símbolo daquele pavoroso isolamento.

Eunice em Alcatraz

Na volta da ilha de Alcatraz percorremos várias barracas de verduras com enorme variedade de frutos do mar, destacando-se os caranguejos gigantes. Passeamos numa espécie de triciclo dirigido por um jovem casal que me afirmou que era dali que tiravam seu sustento. Como ninguém é de ferro chegou a hora de almoçar ouvindo musica bossa nova brasileira qualificada de um desses artistas que tocam nas ruas. Depois disso passeamos um pouco pelas redondezas, passamos rapidamente numa ROSS na Guirardelli Square antes de pegarmos o “bondinho” da Linha F que liga o Fisherman’s Wharf ao Castro. É um local badalado e palco de inúmeros e históricos movimentos sociais principalmente sobre diversidade e liberdade sexual e de costumes. Seguimos em direção à Union Square e voltamos para o hotel. De noite fizemos ainda um passeio noturno no nosso bondinho. San Francisco é uma cidade alegre, bonita e parece que vive sempre numa festa e em clima leve e descontraído.
No ultimo dia, 30 de janeiro, cedo visitamos a Chinatown de São Francisco, a mais antiga dos Estados Unidos. Além de ser considerada uma das maiores comunidades de chineses fora da China, caminhamos pelas ruas de Chinatown num encontro da história e cultura chinesa. O bairro fica ao lado do centro da cidade e é possível chegar até lá caminhando. Daí, de taxi fomos para um enorme parque, o Gold Gate Park, nos anos 50 foi palco do movimento hippie e é limitado pela Fulton st e Lincoln Way. Fizemos um passeio rápido no belo jardim japonês, Young museu e Academia de Ciências da Califórnia, tudo ali pertinho. Infelizmente não entramos na academia de ciências com mais demora, foi uma grande falha, além de não termos conhecido a Lombard St. No dia 31 seguimos de avião para Los Angeles, agora estávamos sob os cuidados da Bancobrás que dirigiu nossa excursão daí em diante. Chegamos ao aeroporto de Los Angeles e fomos recebidos por um guia turístico que nos conduziu até o hotel Bonaventura com 4 torres (verde, azul, amarelo e vermelha). Chegamos a este majestoso hotel as 14 horas. No final da tarde e noite ficamos ali apreciando a Cidade do 25º andar no centro financeiro da cidade. Os apartamentos são confortáveis, o hotel tem várias lojas de conveniência e as refeições podem ser feitas no quarto andar. No 34º andar tem um restaurante panorâmico onde Los Angeles pode ser vista de diversos ângulos, a torre é móvel.  O hotel foi palco de alguns filmes famosos. Soube por comentários que o ator Arnold Schawzenagger em um de seus filmes de ação subiu a cavalo num dos elevadores panorâmicos do hotel.

San Francisco – Los Angeles – San Francisco

Neste começo de fevereiro o grupo de brasileiros tinha umas 15 pessoas. Nosso circuito totalizava 2.850 km com o guia turístico argentino Mario em um ônibus confortável. O roteiro não incluía a cidade de San Diego e seu famoso e atrativo zoológico, uma pena. Nosso primeiro destino foi conhecer o Grand Canyon, numa reserva em Tusayan no vizinho Estado do Arizona. O primeiro dia teve um roteiro puxado pois tivemos que percorrer 780 km pelo deserto de Mojave. Foi um dia profundamente monótono naquele sol escaldante, quanta terra ociosa num das regiões mais ricas e desenvolvidas do mundo. A gente não vê nada vivo, nada verde, só terra preta, queimada, estorricada, uma paisagem lunar. Se vê e ouve apenas o barulho e o vai e vem de carros na rodovia movimentada em sentido inverso.

Roteiro da viagem

Ao meio dia paramos num local com um pequeno centro de serviços e que tinha um restaurante até bem estruturado, onde almoçamos. Neste local presenciei a passagem de um trem que parecia não ter fim e meditei sobre as vantagens desse antigo, eficiente e eficaz meio de transporte que o Brasil não priorizou em detrimento do oneroso e arriscado transporte rodoviário. Tudo em nome de uma indústria automobilística que por um lado induziu tecnologia e renda no centro sul, mas de alto custo, concentradora de renda e promotora de desigualdades regionais gritantes. Hoje atravessamos desindustrialização e grandes gargalos na qualidade de estradas e outras estruturas para circulação e altos custos no fluxo de bens e serviços neste imenso País. Chegamos cedo em Kingman, sede do condado de Mojave já no Estado do Arizona, paramos nesta cidade para um rápido lanche e descanso. Depois seguimos viagem até Tusayam, 200 km depois que estava com um frio noturno do deserto, chegamos e não tivemos coragem de sair do hotel. Mais tarde assistimos a um filme sobre as atrações turísticas do Canyon. Pagamos o ingresso bem caro, são os próprios indígenas nativos que administram aquela reserva, uma forma interessante de autonomia econômica e de sustentabilidade sócioambiental.  Fomos dormir depois desse filme, de manhã não resisti, estava sem sapatos protetores e usando alparcatas e tive que comprar na loja da reserva um par de meias de lã para poder passear no batente do Grand Canyon. De um lado a outro do Canyon tinha 18 Km segundo o nosso guia. É um desfiladeiro fenomenal esculpido pelo rio Colorado, e um dos mais espetaculares fenômenos do Planeta. Visitamos durante 2 horas esse desfiladeiro, tinham várias estações de observação onde tiramos inúmeras fotos e filmamos. A mancada desta vez foi não ter dado o passeio de helicóptero, custava 200 dólares por pessoa.

Cesar no Grand Canyon

Depois da visita ao Grand Canyon continuamos viagem rumo a Las Vegas, no Estado de Nevada, ali almoçamos e tivemos uma tarde e noite animada. No caminho conhecemos a represa que abastece Las Vegas, extremamente acanhada porque valorizam muito a profundidade em vez de superfície exposta, o grande espelho dágua amplia as perdas por evaporação. Revemos aqueles clubes e cassinos, e fomos até a Fremont Street de Las Vegas, o coração da Velha Las Vegas, ou Old Town, como é chamada por muitos. A Fremont Street Experience é a rua mais antiga de Las Vegas e fica em downtown, ao norte da Strip, que é a principal avenida de Vegas. A Fremont Street Experience é uma rua toda coberta que tem a extensão de cinco quarteirões. É uma rua reta, com todo o tipo possível e imaginável de atrações com motivos e sentido eróticos, então é só andar de uma ponta a outra para conhecer todo o local. Lá estão os primeiros e mais antigos hotéis e cassinos de Las Vegas. Nesta segunda viagem a Las Vegas não tínhamos ido a esta rua que tem até uma tirolesa onde pode-se visualizar toda a rua de cima. O guia nos informou que muitas pessoas promovem casamentos numa instituição ali perto, obviamente sem nenhum valor legal por aqui.  A pergunta que nós fazemos, como pode uma cidade no meio do deserto prosperar tanto em torno de amenidades, do sexo e jogatina, logo no seio de uma sociedade conservadora com os valores religiosos da americana. Não consigo entender tal situação. Após sair de Las Vegas em Nevada na direção a Fresno, percorremos os arredores de um projeto enorme com tecnologia avançada de energia solar. Após um dia neste deserto acompanhamos uma cadeia de montanhas entre os Estados da Califórnia e de Nevada que abriga um projeto gigantesco de energia eólica aproveitando o enorme potencial de vento do deserto do Mojave. Caiu a ficha: Foi surpreendente inexistir qualquer referência na internet sobre este fabuloso projeto, meus cálculos superficiais foi a presença entre 5 a 10 mil turbinas eólicas, aqueles enormes cata-ventos. Afinal de contas, comecei a rever a minha ideia de que o Mojave com uma paisagem lunar que citei anteriormente, era inútil. Teria um formidável potencial de ventilação e com isto permitir a geração de formidável quantidade de  energia eólica. No caminho continuamos a ver e apreciar grandes e organizadas vinícolas, que proporciona concorridas degustações de vinhos para os visitantes e uma das grandes atrações turísticas da Califórnia. Chegando a Fresno fomos comunicados pelo guia que não era recomendável sairmos a noite, ele nos informou que é uma cidade dormitório utilizada por viajantes enfadados e gente de todo o tipo e de todos os rincões americanos e que circulam pelas autoestradas. Fresno é uma cidade muito rica, mas suponho que seja pobre de atrações turísticas. Ficamos no hotel meio sem graça e de arquitetura fechada, cinzenta e esquisita com uns amigos gaúchos e tomando vinho. De manhã fomos para o Yosemite National Park.

Eunice no Parque Yosemite, CA, 2015

Suas atrações são as gigantescas sequoias que podem ter mais de 80 metros de altura e cheias de buracos feitos por pica-paus. A grande história deste parque é que foi o berço do famoso urso Zé Colméia e seu amigo Catatau. Na direção de San Francisco percorremos alguns locais famosos e que imortalizaram artistas como John Wayne e heróis como Billy Kid. O americano tem o mérito de querer imortalizar seus sítios com o emprego das mais diversas mídias. Neste trecho percorremos diversos locais onde outrora se arrastavam as diligências movidas a cavalos que transportavam o ouro do Vale do Ouro no Velho Oeste com destino à São Francisco.  Estas histórias povoaram nossas infâncias através dos filmes de bang bang com os seus personagens de cowboy e possuem grande importância cultural na indústria do entretenimento mundial. Certamente também tivemos muitas histórias não contadas entre Minas Gerais e Paraty-RJ sobre o ouro que foi para Portugal.

San Francisco – Los Angeles – São Paulo

Chegamos em San Francisco pela 2ª vez, ao som da famosa música que identifica a cidade (San Francisco) e fomos direto para o Hotel Hilton. Era o finalzinho de uma tarde de fevereiro. Nessa mesma noite fomos para a Union Square, no Shopping Saks.  Na manhã seguinte visitamos a Golden Gate Bridge, uma ponte pênsil com 2.737 metros de comprimento. As suas duas torres de suspensão erguem-se a 227 metros acima do nível do mar.  Essa ponte é cartão postal da cidade e liga San Francisco a Sausalito. Atravessamos a ponte, considerada uma das sete maravilhas do mundo moderno, de ônibus. Infelizmente estava com uma densa neblina. Gostaria de ter conhecido Sausalito melhor.

Cesar e Eunice em San Francisco – 2015

 No retorno para Los Angeles dessa vez fomos de ônibus, passamos por Monterrey, Carmel, Santa Maria, Santa Barbara e finalmente Los Angeles.

Vimos de longe uma pequena ilha santuário de leões marinhos a 10 km de Monterrey, visitamos o seu cais e deixamos de conhecer o seu famoso aquário. No cais vi um mendigo segurando uma plaquinha com a frase em inglês que traduzida dizia, uns trocados para tomar umas cervejinhas. Achei o pedido inusitado. Passamos por praias repletas de trailers e onde residem muitos artistas de cinema milionários aposentados. Senti aqueles locais com uma atmosfera triste, embora sempre sinta isso quando o dia está nublado. Dormimos em Santa Maria e fui informado que era a terra onde o Michel Jackson tinha sido julgado. Não vi nada de relevante nisso.

Eunice e as gaivotas perto de Monterey. Ao fundo um santuário de leões marinhos.

Passamos rápido por Santa Barbara em um cais que sinceramente, não achei nem um pouco atrativo, finalmente, Los Angeles. Confesso que exceto as belas, conservadas e impressionantes autoestradas, minha impressão sobre as badaladas praias da Califórnia não foi das melhores, sem nenhum bairrismo sou mais as nossas daqui mesmo do Nordeste brasileiro. Ressalte-se que as visitas foram muito superficiais e o tempo não ajudou. Nesta rápida visita de 12 dias em cidades da Califórnia, Arizona e Nevada, presenciei o extraordinário desenvolvimento e seus reflexos decorrentes do alto grau de competitividade das empresas do oeste dos EUA. Um grande País que soube maximizar e tirar proveito de todo o potencial da Ciência & Tecnologia.  Desenvolveram o turismo, a partir das maravilhas do Grand Canyon, entretenimento em Las Vegas num deserto daqueles, que fica ali bem perto da pujança da Califórnia. Souberam usar bem até o vento do deserto para produzir energia eólica, aproveitaram bem as riquezas derivadas do ouro que foi extraído e investidas lá mesmo, das artes tão bem e eficientemente produzidas e divulgadas mundialmente pelas revistas em quadrinhos e cinema de Hollywood, que nos fez conhecer o velho oeste americano desde criança, até bem melhor do que a nossa própria história. No meu entendimento, tudo isso, foi uma combinação perfeita que soube criar um clima salutar e competitivo a partir de um ambiente institucional incentivador do empreendedorismo (pouca burocracia para se criar uma empresa e contratar cérebros privilegiados e eficientes gestores e trabalhadores). Houve um ambiente organizacional favorável que garantiu trocas vantajosas através do comércio, serviços e dos transportes com o resto do mundo pelo Oceano Pacífico. Foi estruturado um formidável ambiente tecnológico inovador tendo como resultado o Vale do Silício (informática) e técnicas agroindustriais (especialmente a irrigação, mecanização, mecatrônica), biotecnologia, automação, e robótica, infraestrutura e de serviços de ponta.

Cesar em Los Angeles-EUA

Em Los Angeles fizemos um city tour e conhecemos com o apoio de um guia falando em espanhol aqueles pontos mais badalados como a porta da entrada da cidade, inúmeros monumentos, consulado do México, Beverly Hills, Hollywood com sua calçada da fama, o local de entrega do Oscar, enfim, todas essas coisas que tornam o americano imbatível no marketing. Após conhecer quase todos esses enredos e roteiros de praxe, partimos de volta para o Brasil num excelente voo de 12 horas de duração pela American Airlines, sem escalas de Los Angeles para São Paulo.

Bogotá na Colômbia

A Colômbia tem sua metade ocidental nos Andes e sua parte oriental caracterizada por planícies baixas, com frequência densamente florestadas. Seu clima é tropical ao longo de ambas as costas e nas planícies orientais, ao passo que as terras altas podem ser consideravelmente mais frias. Produz um café de altíssima qualidade e é pródiga em minérios. Visitamos a Colômbia em abril de 2016 em viagem de 5 horas de Fortaleza-Bogotá em voo direto, cômodo e preços promocionais pela Avianca.  Eu, Eunice, Valdeci e Mirian chegamos num final de tarde e ficamos hospedados no Hotel Continental.

A Colômbia é a terra natal do Nobel de Literatura Gabriel Garcia Marques, que ampliou os limites da literatura mundial com suas reportagens e livros como Cem Anos de Solidão. É um País muito religioso. Por onde a gente andava em Bogotá o passeio terminava sempre num oratório, capela, numa igreja ou catedral. Estes templos podem ser embaixo da terra, como veremos a seguir, no topo de montanhas, enfim, sente-se no ar o misticismo marcante da população. A Colômbia tem o maior percentual de católicos da América Latina, mais de 80% de sua população de 46 milhões de habitantes.

Mina de sal em Zipaquirá-Colômbia

Bogotá está localizada em plena Cordilheira dos Andes. Nos dias que passamos na cidade estava sempre fria e cinzenta. No alto de uma das montanhas fica uma das grandes atrações turísticas da cidade, o santuário del Señor Caído de Monserrate. No primeiro dia em Bogotá seguimos cedinho para este santuário a 3.152 metros de altitude onde tem a melhor vista da capital colombiana. A visita não precisa ser só um destino religioso. No entorno da igreja há dois bons restaurantes e o passeio pelas montanhas é uma ótima opção para descansar e respirar ar puro sobre uma linda paisagem. Para evitar multidões o guia nos informou ser mais conveniente chegar cedo de segunda a sexta. Uma experiência interessante que me foi notificada pelo guia turístico foi a existência nas cercanias de Bogotá de um cemitério que vincula cada um de seus mortos com uma árvore. Cada pessoa sepultada deve representar uma árvore plantada por um membro da família do morto. Esta árvore passa a ter um significado afetivo no universo simbólico da família, as pessoas passam a cultivar com amor àquela árvore. Achei isto fantástico, as crianças vivenciam a experiência e isto significa um grande e superior envolvimento entre o homem, a sociedade e a natureza.

No segundo dia pela manhã fomos para Zipaquirá (47 km de Bogotá), a cidade tem uma altitude de 2.650 metros e eu senti um pouco de cansaço quando cheguei lá em cima, embora problemas sentidos com altitude tenham sido menores do que o esperado. É uma das atrações turísticas mais visitadas da Colômbia, a Catedral de Sal, um templo construído numa mina de sal a 180 metros abaixo da superfície. A descida é lenta e gradual, dura em média de 20 a 30 minutos, o turista vai cada vez mais se surpreendendo com lindas obras de arte sacra vistas ao longo do trajeto.

Praça Bolívar-Bogotá

A visita a Catedral subterrânea foi promovida pela guia turístico Martha e teve 2 horas de duração. Quando começamos a descer na mina em cerca de 20 a 30 metros a Eunice desistiu da visita, tentei convencê-la a continuar e não consegui. Então tive que leva-la até a entrada daquele buraco e ela ficou nos esperando numa lanchonete. Retornei para meu grupo, a guia Martha, Valdeci e Dona Mirian e fomos conhecer a Igreja subterrânea. É realmente emocionante sentir a força e o poder da fé.  Salões imensos, espaços majestosos, presépios, desenhos, esculturas, afrescos e pinturas belíssimas, com imagens de Jesus Cristo na cruz, de santos e de anjos em alto relevo esculpidas nas paredes de sal, no teto e nas laterais. Vimos lapinhas e personagens de mineração e suas amostras de esmeraldas. Depois que a gente faz uma visita daquela, começa a perceber e acreditar que a fé realmente move montanhas no sentido literal da palavra. Dentro dessa mina, além da extraordinária igreja, existe uma série de ambientes de serviços, souvenirs, restaurantes e outras estruturas turísticas.

Voltando a superfície, 180 metros acima, encontramos Eunice saboreando um salgadinho a base de arroz numa lanchonete na entrada da mina e dali fomos a praça Bolívar onde fica o palácio do governo central em Bogotá, e as instâncias dos poderes legislativo e judiciário, antes passando por um mercado próximo ao palácio.  A praça é muito ampla e bonita, o problema é o excesso de pombos. Próximo ao mercado, compramos um chontaduro adocicado, conhecido em Belém do Pará no norte do Brasil como pupunha.  Bogotá tem um clima imprevisível, chove, faz sol, frio e calor, tudo no mesmo dia. Experimentamos isso. As ruas de lá são numeradas e o maior problema que enfrentamos foi a interminável dificuldade em se conseguir taxi, muito difícil se não houver um acerto preliminar antecipado. Achei os bairros são tranquilos, arborizados, surpreendentemente limpos. As casas e prédios são na maioria de tijolinho aparente e a população é bastante polida e receptiva com o turista. A Colômbia é colorida e o povo é alegre. Recentemente tivemos a comprovação do carinho, amor e solidariedade dos colombianos com nós brasileiros nos dias que se seguiram ao desastre aéreo com o nosso Chapecoense.

Uma terceira e interessante visita foi a um museu com obras de Fernando Botero, num antigo convento. O artista nasceu em abril de 1932 na Colômbia e é conhecido por pintar pessoas gordas, como também cavalos e frutas. As obras do pintor são uma mistura da cultura contemporânea da Colômbia e a inspiração nas tradições artísticas de obras de mestres clássicos como Diego Velásquez e Piro delia Francesca. Assim, suas figuras anafadas, gordas, desajeitadas, que parecem não caber no espaço ou disputam cores e formas com o vazio, se tornam espécies de forças, marcas. Botero trabalha basicamente com pinturas e esculturas e os temas de sua obra variam entre a temática sul-americana, as obras sobre o circo, as naturezas mortas e os retratos de frutas, cavalos e amazonas. O pintor às vezes aparece em suas pinturas em “auto retrato” e vez por outra surge alguém com uma faca em seus quadros.  Na entrada registramos a escultura de uma mão gigante e achei sua arte forte e marcante.

Museu de Botero em Bogotá

Numa noite em Bogotá fomos jantar num restaurante chamado de Alto Nível próximo ao nosso hotel em frente a uma pracinha, desses comuns que temos aqui em Fortaleza. Ficamos assistindo ao jogo de futebol ALIANCA PETROLERA X ATLÉTICO HUILA pela liga local. Não me dei muito bem, pedi um belo peixe chamado truta e achei o prato caro e sem graça. Uma refeição em média custava na época (abril de 2016), R$ 35,00 a R$ 40,00 após as devidas transformações cambiais. (1 real = 890 pesos colombianos COP). Após a última noite em Bogotá, seguimos para Cartagena.

Cartagena das Índias

Cartagena é a capital do Departamento de Bolívar na Colômbia e fica no litoral Atlântico, Mar do Caribe, numa baía profunda e protegida. A cidade foi fundada em 1533 pelos espanhóis. Já foi sede do Tribunal da Inquisição onde se torturava, julgava e condenava homens acusados de crimes religiosos.  Viemos em voo de Bogotá e ficamos hospedados no hotel Cartagena Plaza na beira mar. Nas proximidades do hotel tinha um grande shopping center onde íamos andando e frequentamos algumas vezes.

Rota entre Bogotá e Cartagena

A Praia é artificialmente limpa e cheia de barraquinhas pequenas de cor amarela para os turistas se acomodarem. O mar em frente ao hotel fica delimitado por dois paredões e sua água é de cor azul turquesa com ondas suaves. Saindo do hotel logo entramos na esquerda numa galeria repleta de lojinhas com produtos e serviços variados, casas de câmbio, ourivesaria, comércio de esmeraldas e lanchonetes. No final da galeria chega-se numa avenida larga e importante com padarias, restaurantes e lojas do rico artesanato colombiano onde fazíamos nossas refeições. Vale alertar aos desavisados que desde a saída do hotel até entrarmos em qualquer lugar temos que enfrentar uma verdadeira guerra de vendedores ambulantes, tipo corredor polonês. Chegam a ser inconvenientes, mas, justiça se faça, eu e meu grupo não presenciamos nenhuma abordagem maliciosa, seja descuido, assalto ou qualquer tipo de violência.

Na noite do primeiro dia que chegamos em Cartagena fomos conhecer a cidade murada. Gostamos tanto que toda noite íamos a esse centro histórico, sempre procurar um belo lugar para tomarmos um vinho, comer alguma coisa e bater papo em locais com atrações variadas, animação de pessoas alegres e descontraídas. A viagem de taxi do nosso hotel a cidade murada custava 12 mil pesos COL, R$ 15,00. Cercado por muralhas fortificadas, construídas a partir do século 16 para proteger a cidade dos ataques inimigos (piratas do Caribe) eles estavam de olho na crescente riqueza gerada pelo porto e comércio local, o lugar é repleto de casarões históricos, bares e restaurantes simpáticos e ruazinhas charmosas. Adoramos o pan de yuca (mandioca), parecido com o nosso pão de queijo.

Eunice na cidade murada em Cartagena

Existem opções de se hospedar dentro da cidade murada, tem hotéis bastante simpáticos e confortáveis com a vantagem do turista já amanhecer e passar o dia por lá, principal ponto atrativo de Cartagena, embora seja bem mais caro.

No nosso roteiro turístico constava uma viagem para a Ilha do Rosário e fizemos este passeio de barco logo no dia seguinte, em 1 hora numa ida tranquila saindo de Cartagena. Passamos um dia nessa ilha e na chegada tivemos que enfrentar insistentes vendedores ambulantes.  Vendiam uma infinidade de produtos, inclusive água e lagostas que pareciam vivas, imaginem o trabalho que daria para comer aquilo. O dia na ilha foi tranquilo, não vi muitos atrativos nas águas do Caribe e o almoço incluído no pacote foi razoável. O problema foi o retorno. O pessoal começou a formar uma fila desordenada no píer e os que estavam na frente realmente pegaram bons lugares no barco para a atribulada viagem de volta. Eunice ficou na frente. Eu, Valdeci e D. Mirian ficamos na traseira do barco, quase dentro d´água de um mar agitado, nos deram uma capa e passamos cerca de 2 horas literalmente tomando banho de água salgada, chegamos encharcados. Pessoalmente não gosto deste tipo de passeio, mas tem gente que adora essas aventuras.

Numa tarde fomos para um passeio turístico com um guia que nos apanhou no hotel num ônibus e seguiu ao imponente Castelo de San Felipe de Barajas. Segundo o guia, foi a maior obra de engenharia já construída pela Espanha em uma colônia.  Ele foi iniciado em 1657 para proteger Cartagena de ataques piratas. Ela foi alvo da cobiça por ser a porta de entrada do ouro e prata do Peru e Colômbia . Alguns do nosso grupo ficaram embaixo, comendo patacon barato e muito gostoso em frente ao Cartillo San Felipe. Não deixem de provar a limonada com coco e a limonada cerezada. A visita foi extenuante, principalmente nessa tarde muito quente, pela necessidade de se subir muitos degraus na cidade murada. Se você não é claustrofóbico, explore e se perca nas galerias e túneis dentro do forte. Daí, seguimos para 148 metros sobre o nível do mar onde fica o belíssimo Convento de Santa Cruz de La Popa. Portanto tente fugir dos ônibus que levam centenas de pessoas que estão em cruzeiros ancorados na cidade e fazem esses tours em grandes grupos. Quanto mais cedo ou bem no fim de tarde, maior a chance de ter mais sossego. A vista do alto deste mirante em Cartagena é realmente linda. Além do mar, em primeiro plano está Bocagrande, área mais moderna com seus grandes prédios de luxo. No fundo, dá também para se ter uma ideia da grandeza do Centro Histórico onde situa-se a ‘Plaza de Bolivar.

La Popa, vista de Cartagena

Ao entrar no convento, você logo irá observar a beleza da arquitetura, o pátio no estilo das construções espanholas e as grandes colunas que resistiram a tantos ataques. Há uma igreja no local dedicada à Virgen de la Candelaria. Um dos maiores eventos de Cartagena acontece justamente ali, no dia 2 de fevereiro, a Festa de La Candelaria de La Popa. Mas espere uma grande multidão de peregrinos nesta data. O prédio erguido no século XVI recebeu em 1986 a bênção do Papa João Paulo II.  Daí fomos ao centro da cidade onde visitamos os pontos mais bonitos e centrais, com grande interesse histórico.

Passados quatro (4) dias em Cartagena chegou o momento do retorno e viemos para Bogotá, onde presenciei uma estrutura de segurança exagerada. Demoramos 3 horas no aeroporto El Dorado e embarcamos para Fortaleza em voo tranquilo e direto com taxa de ocupação da aeronave inferior a 50%.