San Francisco – Los Angeles – San Francisco

Neste começo de fevereiro o grupo de brasileiros tinha umas 15 pessoas. Nosso circuito totalizava 2.850 km com o guia turístico argentino Mario em um ônibus confortável. O roteiro não incluía a cidade de San Diego e seu famoso e atrativo zoológico, uma pena. Nosso primeiro destino foi conhecer o Grand Canyon, numa reserva em Tusayan no vizinho Estado do Arizona. O primeiro dia teve um roteiro puxado pois tivemos que percorrer 780 km pelo deserto de Mojave. Foi um dia profundamente monótono naquele sol escaldante, quanta terra ociosa num das regiões mais ricas e desenvolvidas do mundo. A gente não vê nada vivo, nada verde, só terra preta, queimada, estorricada, uma paisagem lunar. Se vê e ouve apenas o barulho e o vai e vem de carros na rodovia movimentada em sentido inverso.

Roteiro da viagem

Ao meio dia paramos num local com um pequeno centro de serviços e que tinha um restaurante até bem estruturado, onde almoçamos. Neste local presenciei a passagem de um trem que parecia não ter fim e meditei sobre as vantagens desse antigo, eficiente e eficaz meio de transporte que o Brasil não priorizou em detrimento do oneroso e arriscado transporte rodoviário. Tudo em nome de uma indústria automobilística que por um lado induziu tecnologia e renda no centro sul, mas de alto custo, concentradora de renda e promotora de desigualdades regionais gritantes. Hoje atravessamos desindustrialização e grandes gargalos na qualidade de estradas e outras estruturas para circulação e altos custos no fluxo de bens e serviços neste imenso País. Chegamos cedo em Kingman, sede do condado de Mojave já no Estado do Arizona, paramos nesta cidade para um rápido lanche e descanso. Depois seguimos viagem até Tusayam, 200 km depois que estava com um frio noturno do deserto, chegamos e não tivemos coragem de sair do hotel. Mais tarde assistimos a um filme sobre as atrações turísticas do Canyon. Pagamos o ingresso bem caro, são os próprios indígenas nativos que administram aquela reserva, uma forma interessante de autonomia econômica e de sustentabilidade sócioambiental.  Fomos dormir depois desse filme, de manhã não resisti, estava sem sapatos protetores e usando alparcatas e tive que comprar na loja da reserva um par de meias de lã para poder passear no batente do Grand Canyon. De um lado a outro do Canyon tinha 18 Km segundo o nosso guia. É um desfiladeiro fenomenal esculpido pelo rio Colorado, e um dos mais espetaculares fenômenos do Planeta. Visitamos durante 2 horas esse desfiladeiro, tinham várias estações de observação onde tiramos inúmeras fotos e filmamos. A mancada desta vez foi não ter dado o passeio de helicóptero, custava 200 dólares por pessoa.

Cesar no Grand Canyon

Depois da visita ao Grand Canyon continuamos viagem rumo a Las Vegas, no Estado de Nevada, ali almoçamos e tivemos uma tarde e noite animada. No caminho conhecemos a represa que abastece Las Vegas, extremamente acanhada porque valorizam muito a profundidade em vez de superfície exposta, o grande espelho dágua amplia as perdas por evaporação. Revemos aqueles clubes e cassinos, e fomos até a Fremont Street de Las Vegas, o coração da Velha Las Vegas, ou Old Town, como é chamada por muitos. A Fremont Street Experience é a rua mais antiga de Las Vegas e fica em downtown, ao norte da Strip, que é a principal avenida de Vegas. A Fremont Street Experience é uma rua toda coberta que tem a extensão de cinco quarteirões. É uma rua reta, com todo o tipo possível e imaginável de atrações com motivos e sentido eróticos, então é só andar de uma ponta a outra para conhecer todo o local. Lá estão os primeiros e mais antigos hotéis e cassinos de Las Vegas. Nesta segunda viagem a Las Vegas não tínhamos ido a esta rua que tem até uma tirolesa onde pode-se visualizar toda a rua de cima. O guia nos informou que muitas pessoas promovem casamentos numa instituição ali perto, obviamente sem nenhum valor legal por aqui.  A pergunta que nós fazemos, como pode uma cidade no meio do deserto prosperar tanto em torno de amenidades, do sexo e jogatina, logo no seio de uma sociedade conservadora com os valores religiosos da americana. Não consigo entender tal situação. Após sair de Las Vegas em Nevada na direção a Fresno, percorremos os arredores de um projeto enorme com tecnologia avançada de energia solar. Após um dia neste deserto acompanhamos uma cadeia de montanhas entre os Estados da Califórnia e de Nevada que abriga um projeto gigantesco de energia eólica aproveitando o enorme potencial de vento do deserto do Mojave. Caiu a ficha: Foi surpreendente inexistir qualquer referência na internet sobre este fabuloso projeto, meus cálculos superficiais foi a presença entre 5 a 10 mil turbinas eólicas, aqueles enormes cata-ventos. Afinal de contas, comecei a rever a minha ideia de que o Mojave com uma paisagem lunar que citei anteriormente, era inútil. Teria um formidável potencial de ventilação e com isto permitir a geração de formidável quantidade de  energia eólica. No caminho continuamos a ver e apreciar grandes e organizadas vinícolas, que proporciona concorridas degustações de vinhos para os visitantes e uma das grandes atrações turísticas da Califórnia. Chegando a Fresno fomos comunicados pelo guia que não era recomendável sairmos a noite, ele nos informou que é uma cidade dormitório utilizada por viajantes enfadados e gente de todo o tipo e de todos os rincões americanos e que circulam pelas autoestradas. Fresno é uma cidade muito rica, mas suponho que seja pobre de atrações turísticas. Ficamos no hotel meio sem graça e de arquitetura fechada, cinzenta e esquisita com uns amigos gaúchos e tomando vinho. De manhã fomos para o Yosemite National Park.

Eunice no Parque Yosemite, CA, 2015

Suas atrações são as gigantescas sequoias que podem ter mais de 80 metros de altura e cheias de buracos feitos por pica-paus. A grande história deste parque é que foi o berço do famoso urso Zé Colméia e seu amigo Catatau. Na direção de San Francisco percorremos alguns locais famosos e que imortalizaram artistas como John Wayne e heróis como Billy Kid. O americano tem o mérito de querer imortalizar seus sítios com o emprego das mais diversas mídias. Neste trecho percorremos diversos locais onde outrora se arrastavam as diligências movidas a cavalos que transportavam o ouro do Vale do Ouro no Velho Oeste com destino à São Francisco.  Estas histórias povoaram nossas infâncias através dos filmes de bang bang com os seus personagens de cowboy e possuem grande importância cultural na indústria do entretenimento mundial. Certamente também tivemos muitas histórias não contadas entre Minas Gerais e Paraty-RJ sobre o ouro que foi para Portugal.

Autor: cesarcnpq

CESAR VIEIRA é cearense de Fortaleza

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