A Colômbia tem sua metade ocidental nos Andes e sua parte oriental caracterizada por planícies baixas, com frequência densamente florestadas. Seu clima é tropical ao longo de ambas as costas e nas planícies orientais, ao passo que as terras altas podem ser consideravelmente mais frias. Produz um café de altíssima qualidade e é pródiga em minérios. Visitamos a Colômbia em abril de 2016 em viagem de 5 horas de Fortaleza-Bogotá em voo direto, cômodo e preços promocionais pela Avianca. Eu, Eunice, Valdeci e Mirian chegamos num final de tarde e ficamos hospedados no Hotel Continental.
A Colômbia é a terra natal do Nobel de Literatura Gabriel Garcia Marques, que ampliou os limites da literatura mundial com suas reportagens e livros como Cem Anos de Solidão. É um País muito religioso. Por onde a gente andava em Bogotá o passeio terminava sempre num oratório, capela, numa igreja ou catedral. Estes templos podem ser embaixo da terra, como veremos a seguir, no topo de montanhas, enfim, sente-se no ar o misticismo marcante da população. A Colômbia tem o maior percentual de católicos da América Latina, mais de 80% de sua população de 46 milhões de habitantes.

Bogotá está localizada em plena Cordilheira dos Andes. Nos dias que passamos na cidade estava sempre fria e cinzenta. No alto de uma das montanhas fica uma das grandes atrações turísticas da cidade, o santuário del Señor Caído de Monserrate. No primeiro dia em Bogotá seguimos cedinho para este santuário a 3.152 metros de altitude onde tem a melhor vista da capital colombiana. A visita não precisa ser só um destino religioso. No entorno da igreja há dois bons restaurantes e o passeio pelas montanhas é uma ótima opção para descansar e respirar ar puro sobre uma linda paisagem. Para evitar multidões o guia nos informou ser mais conveniente chegar cedo de segunda a sexta. Uma experiência interessante que me foi notificada pelo guia turístico foi a existência nas cercanias de Bogotá de um cemitério que vincula cada um de seus mortos com uma árvore. Cada pessoa sepultada deve representar uma árvore plantada por um membro da família do morto. Esta árvore passa a ter um significado afetivo no universo simbólico da família, as pessoas passam a cultivar com amor àquela árvore. Achei isto fantástico, as crianças vivenciam a experiência e isto significa um grande e superior envolvimento entre o homem, a sociedade e a natureza.
No segundo dia pela manhã fomos para Zipaquirá (47 km de Bogotá), a cidade tem uma altitude de 2.650 metros e eu senti um pouco de cansaço quando cheguei lá em cima, embora problemas sentidos com altitude tenham sido menores do que o esperado. É uma das atrações turísticas mais visitadas da Colômbia, a Catedral de Sal, um templo construído numa mina de sal a 180 metros abaixo da superfície. A descida é lenta e gradual, dura em média de 20 a 30 minutos, o turista vai cada vez mais se surpreendendo com lindas obras de arte sacra vistas ao longo do trajeto.

A visita a Catedral subterrânea foi promovida pela guia turístico Martha e teve 2 horas de duração. Quando começamos a descer na mina em cerca de 20 a 30 metros a Eunice desistiu da visita, tentei convencê-la a continuar e não consegui. Então tive que leva-la até a entrada daquele buraco e ela ficou nos esperando numa lanchonete. Retornei para meu grupo, a guia Martha, Valdeci e Dona Mirian e fomos conhecer a Igreja subterrânea. É realmente emocionante sentir a força e o poder da fé. Salões imensos, espaços majestosos, presépios, desenhos, esculturas, afrescos e pinturas belíssimas, com imagens de Jesus Cristo na cruz, de santos e de anjos em alto relevo esculpidas nas paredes de sal, no teto e nas laterais. Vimos lapinhas e personagens de mineração e suas amostras de esmeraldas. Depois que a gente faz uma visita daquela, começa a perceber e acreditar que a fé realmente move montanhas no sentido literal da palavra. Dentro dessa mina, além da extraordinária igreja, existe uma série de ambientes de serviços, souvenirs, restaurantes e outras estruturas turísticas.
Voltando a superfície, 180 metros acima, encontramos Eunice saboreando um salgadinho a base de arroz numa lanchonete na entrada da mina e dali fomos a praça Bolívar onde fica o palácio do governo central em Bogotá, e as instâncias dos poderes legislativo e judiciário, antes passando por um mercado próximo ao palácio. A praça é muito ampla e bonita, o problema é o excesso de pombos. Próximo ao mercado, compramos um chontaduro adocicado, conhecido em Belém do Pará no norte do Brasil como pupunha. Bogotá tem um clima imprevisível, chove, faz sol, frio e calor, tudo no mesmo dia. Experimentamos isso. As ruas de lá são numeradas e o maior problema que enfrentamos foi a interminável dificuldade em se conseguir taxi, muito difícil se não houver um acerto preliminar antecipado. Achei os bairros são tranquilos, arborizados, surpreendentemente limpos. As casas e prédios são na maioria de tijolinho aparente e a população é bastante polida e receptiva com o turista. A Colômbia é colorida e o povo é alegre. Recentemente tivemos a comprovação do carinho, amor e solidariedade dos colombianos com nós brasileiros nos dias que se seguiram ao desastre aéreo com o nosso Chapecoense.
Uma terceira e interessante visita foi a um museu com obras de Fernando Botero, num antigo convento. O artista nasceu em abril de 1932 na Colômbia e é conhecido por pintar pessoas gordas, como também cavalos e frutas. As obras do pintor são uma mistura da cultura contemporânea da Colômbia e a inspiração nas tradições artísticas de obras de mestres clássicos como Diego Velásquez e Piro delia Francesca. Assim, suas figuras anafadas, gordas, desajeitadas, que parecem não caber no espaço ou disputam cores e formas com o vazio, se tornam espécies de forças, marcas. Botero trabalha basicamente com pinturas e esculturas e os temas de sua obra variam entre a temática sul-americana, as obras sobre o circo, as naturezas mortas e os retratos de frutas, cavalos e amazonas. O pintor às vezes aparece em suas pinturas em “auto retrato” e vez por outra surge alguém com uma faca em seus quadros. Na entrada registramos a escultura de uma mão gigante e achei sua arte forte e marcante.

Numa noite em Bogotá fomos jantar num restaurante chamado de Alto Nível próximo ao nosso hotel em frente a uma pracinha, desses comuns que temos aqui em Fortaleza. Ficamos assistindo ao jogo de futebol ALIANCA PETROLERA X ATLÉTICO HUILA pela liga local. Não me dei muito bem, pedi um belo peixe chamado truta e achei o prato caro e sem graça. Uma refeição em média custava na época (abril de 2016), R$ 35,00 a R$ 40,00 após as devidas transformações cambiais. (1 real = 890 pesos colombianos COP). Após a última noite em Bogotá, seguimos para Cartagena.