Saudades de Garmisch-Partenkirchen: – Que venha Salzburgo na Áustria

Saímos para Salzburgo-Áustria no final da manhã do dia 12 de novembro  para percorrer 184 km em estradas excelentes com muita neve. Nenhuma exigência burocrática na fronteira, apenas uma taxa adicional cobrada pela locadora dos carros por trafegarmos para outro País. Chegamos no hotel Adlerhof as 14 horas em Salzburgo . Entramos logo em nossos quartos após as providências do check in. O hotel era um emaranhado de corredores, puxadinhos e salas esquisitas e tortuosas, mas tinha elevador.

Saímos em busca de um local para comer alguma coisa.  Não achamos logo o restaurante próximo conforme nos informaram e seguindo na rua do hotel e entramos num shopping simples, modesto, cheios de mulheres com véu e alguns homens com turbante. Comemos uma macarronada até razoável com coca cola.  Depois visitamos umas lojinhas, demoramos um pouco e retornamos para o hotel. Um aviso, na Áustria se fala o alemão.

Com informações mais precisas depois conhecemos um restaurante pertinho do hotel e meio escondido pertencente a um afegão muito simpático. Tinha comida até parecida com a nossa, pizza, sucos, refrigerantes, galinha e arroz,  e com preço acessível. O pessoal adotou esse local em Salzburgo e também decidimos ficar definitivamente no Adlerhof. Os clientes do nosso restaurante nos olhavam desconfiados com a algazarra que fazíamos.

O hotel começou a se tornar interessante e tinha tudo por perto. Era razoavelmente confortável, bom café da manhã, quartos limpos, decentes e tinha um vaso sanitário com formato estanho.

No dia seguinte fomos conhecer a cidade velha, relativamente próxima do nosso hotel e decidimos fazer um city tour em Salzburgo. Compramos os bilhetes no próprio hotel para pegar o ônibus chamado hip hop e fizemos um belo passeio. Conhecemos os principais pontos turísticos de Salzburgo, terra de Mozart e do famoso medico Doppler. A cidade é muito bem conservada e as impressões iniciais negativas foram dando lugar a agradáveis surpresas. O ponto alto foi o Castelo e outros locais que serviram de cenários naturais  para o clássico filme  A noviça Rebelde. 

Após mais um almoço no Afegão e rápido descanso no hotel visitamos uma animada e graciosa praça com pista de patins no gelo lotada de crianças, e fizemos

Regis e Marina na Alemanha

um passeio a pé nas ruelas medievais até a ponte sobre o rio Salzach. No dia seguinte fomos para Hallstatt, 2 horas de Salzburg. A cidade tem mil habitantes é tipo um cartão postal e estava entupida de chineses. A entrada foi tumultuada e esta cidade me pareceu despreparada para receber muita gente. Mas, vale a pena esse passeio.

Retornando a Salzburgo, de noite fomos assistir a uma peça musical de Mozart, numa sala de espetáculo de ópera em local sofisticado e elegante. Exatamente às 20:00 horas o show começou e foi muito organizado e bonito, alternando instrumentos de cordas e coro de vozes masculinas e femininas. Na manhã seguinte pagamos o Adlerhof  e partimos para Frankfurt. Hoje, reconheço que o hotel Adlerhof em Salzburgo é recomendável.

Cesar Jr e Fabiana em Hallstatt-Áustria – nov. 2016

Mas, nós queríamos conhecer o museu do holocausto e sentir a atmosfera de Nuremberg, que tem a mais antiga universidade do mundo. Eu já tinha assistido ao julgamento de Nuremberg pela TV, ver naquele museu foi emocionante. Foi um dia chuvoso, cansativo e triste pelo retorno, mas enfim, chegamos em Frankfurt no começo da noite.

 

Viagem de Rothenburg ob der Tauber para Garmisch- Partenkirchen

Os postos de combustíveis vendem  diesel de diferentes qualidades e preços. Mas, o uso do combustível mais barato  nem sempre compensa. Estávamos indo de

A cratera que abrigou Nordlingen na rota romântica

carro de Rothenburg ob der Tauber para Garmisch-Partenkirchen distando 300 Km  e queríamos passar em Nordlingen, uma cidade dentro da cratera Ries, formada pela queda de um meteorito há 15 milhões de anos. Depois do almoço e passeio em Nordlingen seguimos viagem e chegamos em Garmisch-Partenkirchen no começo da noite. São cidades gêmeas localizadas às margens do riacho Partnacher, grande estação de esqui da Alemanha. Sediou os jogos Olímpicos de inverno de 1936.

A casa em Garmisch-Partenkirchen deixou as crianças pulando de alegria com uma caixa cheia de brinquedos que tinha na sala.  A cozinha era completa com todas as peças e utensílios necessários. Os quartos eram amplos e a mobília de excelente qualidade.

Eunice e D.Ana no nosso quintal com vista para os Alpes e destaque do ZUGSPITZE

Tinha uma churrasqueira  no pátio externo, que nunca usamos por causa do frio. La fora se via um campo belíssimo com casinhas espalhadas e no fundo, as montanhas nevadas dos Alpes alemães, destacando-se o Zugspitze. De longe se via um trem vermelho transitando de hora em hora no fundo do nosso quintal.

Fomos num centro comercial próximo, compramos produtos para lanche, café da manhã e jantar. As embalagens nos supermercados são caríssimas e eu sempre me esquecia disso, só me lembrava na hora de pagar uma fortuna pelos sacos de plástico para uma senhora de ar carrancudo e de grande destreza no caixa. O vasilhame da cerveja a gente paga e eles devolvem o dinheiro com o retorno. O alemão valoriza profundamente a classificação, seleção e destinação dos resíduos. A seção de frutas e legumes está sempre na frente do supermercado, as frutas dispostas nas prateleiras num desenho colorido que nos impressiona pela organizada precisão.

Noutro dia fomos ao Zugspitze, montanha nos Alpes mais alta da Alemanha, 2.964 metros, eles recebem muitos turistas internacionais endinheirados. Não subimos no teleférico pois o frio nos desanimou, passamos o dia em Garmisch, cidadezinha opulenta de 30 mil habitantes. Passeamos sem pressa e sem compromissos com locais e horários, parando aqui e ali para tomar o chocolate quente no centro de Garmisch-Partenkirchen.

Utilizamos a casa de Garmisch-Partenkirchen como base, vários subgrupos fizeram seus passeios turísticos de interesse. Um dia, um subgrupo foi para Munique, onde tem a sede da BMW, em viagem de 1 hora de carro. Outro subgrupo foi para a cidade de Füssen onde abriga o famoso castelo Neuschwanstein. Construído pelo rei Ludwig em 1886, o palácio serviu de inspiração para o castelo da Cinderela dos desenhos de Walt Disney.

No dia seguinte foi a minha vez de ir para Munique de carro, e conheci  a HB HOFBRAUHAUS. Ressalte-se que Munique é o principal polo produtor de cervejas do mundo. As mesas da cervejaria são para umas 10 pessoas, cada mesa tem um padrinho, um dono. Tem gente do mundo todo, é um local extremamente alegre, interativo, cada dia você conhece gente diferente em momentos de festas e descontração.

Andréa numa rua de Munique – nov 2016

No ultimo dia em Garmisch fizemos uma viagem novamente para Munique. Pegamos o trem das 9:16 hs e foi para mim a mais  espetacular viagem que fiz no interior da Alemanha, 1 hora no confortável trem. Viajando e apreciando aquelas paisagens na neve, casinhas coloridas de estilo alemão, plantios bem alinhados, linhas de transmissão a energia solar, eólica e moinhos.

 

 

Würzburg para Rothenburg ob der Tauber

Na viagem entre Würzburg e Rothenburg ob der Tauber ficamos admirados com as belas paisagens. O que me chamou mais  atenção no trajeto de 65 Km foram inúmeros empreendimentos de energia solar. Neste ponto os cearenses são superiores aos alemães, com certeza temos muito mais horas de sol disponíveis  no ano.

Seria boa ideia para um estudante da UFC fazer doutorado na Universidade de  Würzburg, local onde foi descoberto o raio X. Teria uma qualificação excelente e aprenderia alemão. A universidade de Würzburg tem o BayFORREST, um programa de pesquisa de resíduos demandado pelo governo da Baviera iniciado na década de 90, sobre gestão do fluxo de materiais”, “Política Integrada de Produtos” e “uso sustentável dos recursos”, parecido com o nosso PRODEMA. A Alemanha sempre prioriza temas relacionados com reciclagem, reuso de água, reaproveitamento e destinação de resíduos.  Há pouco mais de 10 anos tive uma aluna no mestrado da UFC que participou de uma pesquisa por mim coordenada sobre economia da água com recursos do Projeto WAVES da Alemanha e do CNPq. Os resultados obtidos foram a conclusão da sua dissertação de mestrado, recebeu uma bolsa para fazer doutorado e morou na Alemanha. Ela publicou o artigo “Avaliação de dessaninizadores do Ceará” em 2005 na Revista Econômica do Nordeste (REN).

A entrada da cidadezinha com 11 mil habitantes e que recebe 1,5 milhões de turistas anuais, na rota romântica, é toda enfeitada e parece com o que imaginamos quando criança com as histórias dos contos de fadas. Seguimos direto para o hotel, o Rothemburg extremamente agradável e o recomendo seguramente a quem visitar aquela charmosa cidade da Baviera. Nosso hotel tinha 3 peculiaridades além de um preço razoável em novembro. 1. Proximidade de um Shopping Center que tinha tudo, onde  fomos comer imediatamente uns sanduiches e fazer compras numa

Cesar em frente ao hotel

farmácia. ii. Tinha um PUB logo embaixo, no porão do hotel. Bastava descer  e de noite tomamos umas cervejas gostosíssimas iii. Era em frente a uma estação de trem, prático para passear em cidades próximas num transporte romântico.

A  cidade é cercada no centro antigo por 2,5 km de muralhas medievais, com arquitetura renascentista preservada, tendo sido destruída na guerra dos 30 anos de 1618 a 1648. Foi uma das maiores cidades alemãs e era rota obrigatória para o sul da Europa. Visitamos as lojas Kathe, onde compramos alguns pequenos artigos. Fomos a Markplatz e andamos pela Obere. A praça é muito ampla, bonita e cheia de turistas. Infelizmente estava bastante frio, e isto nos impediu de passear ao ar livre e conhecer melhor a cidade. Na sua saída, num dos portões de Rothenburg ob der Tauber, vislumbramos o rio Tauber e foi tudo muito bonito.

Visitando Würzburg

Depois de 9 horas de voo sem escala de Fortaleza chegamos em Frankfurt pela companhia aérea alemã Condor. A primeira cidade da rota romântica foi Würzburg. Minhas impressões nestes 119 Km numa rodovia perfeita, fora um pequeno engarrafamento, foram, a organização, beleza nas paisagens dos campos e qualidade da infraestrutura. Soube que a Alemanha é o maior produtor de turbinas eólicas e tecnologias de energia solar do mundo.  Würzburg é a maior cidade da rota com 130 mil habitantes e é um centro universitário importante. A cidade foi destruída na segunda guerra mundial e agora esta reconstruída.

Andréa e Eunice no Hofgarten em Würzburg, novembro de 2016

Na entrada da cidade fiquei impressionado e meditando sobre o Stifung Juliusspital, tipo de um asilo de luxo que visitamos, produtor de vinhos com alto padrão de qualidade. Os residentes atuais quando jovens atuavam dentro dos diversos elos da cadeia produtiva de vinhos (desde produção de uvas, vinhas, indústria e comercio). Hoje empregam jovens no valioso sistema produtivo  que construíram. Eis a razão simplificada do êxito de um grupo de idosos num asilo, aliás um nome depreciativo aqui no Brasil: 1. Pessoas experientes num determinado ramo e vivendo em grupo, com sua família, 2. Sustentabilidade econômica e financeira numa parceria público-privada, 3. Trabalho total ou parcial altamente qualificado e inativos, com assistência medica e social 4. Qualidade de vida com segurança.

Refleti nesta visita que o Brasil está envelhecendo e precisa de políticas públicas consistentes, sou contrário  a prática de se copiar políticas e programas de outros Países, Ipsis litteris, cada um tem suas próprias instituições, mas deve-se destacar os bons exemplos. No Brasil há um divórcio entre o pensamento do governo e o da sociedade. O mercado de trabalho brasileiro acha que uma pessoa acima de 50 anos está quase velha e pouco produtiva, o nosso Governo considera um trabalhador de 60 anos quase jovem para se aposentar e quer aumentar o seu tempo de contribuição previdenciária.

Depois desta passagem pelo asilo, fomos todos para um restaurante, o Vinothek Tiepolo. Almoçamos carne bovina com batatas e cerveja, boa refeição, mas com preços elevados. Soube depois que se fosse suíno o preço cairia pela metade. Sobre cervejas, a Alemanha se destaca mundialmente e cada região tem

Eunice em frente ao restaurante em Wursburg. Vejam o guarda ao fundo.

sua marca peculiar, quase todas de excelente qualidade. Após o almoço, descansamos um pouco e fomos conhecer o centro da cidade, muito próximo do restaurante que impactou negativamente os nossos bolsos e encontrar uma multa afixada no nosso carro que ficou estacionado mais de 1 hora na via pública em frente ao restaurante.

Achei a cidade belíssima. Limpa, organizada, florida, bucólica, um comércio evoluído, com bonde elétrico, ciclistas, e ruas tranquilas. O frio era intenso. Nossa tarde terminou rápido,  escurece as 16:30. O nosso hotel IBIS não tinha elevador. Em nenhum local vi carregador de malas, parece que nenhum alemão exerce essa profissão.

Daí, visitamos o Residenz, palácio dos bispos príncipes e Patrimônio Mundial da UNESCO, e o extraordinário Hofgarten, perfumado e muito bem cuidado, onde tiramos inúmeras e expressivas fotos. Nas rádios só tocava a música All To Me. Depois soube que foi primeiríssimo lugar na Holanda.

 

Alemanha e Aústria – Rota Romântica, Alpes, Salzburgo e Halstatt

Uma viagem dos sonhos

  Em novembro de 2016 fizemos uma viagem para a Alemanha pela  companhia aérea alemã Condor. Num voo direto Fortaleza-Frankfurt, compramos as passagens aéreas ida e volta com preço médio de R$ 1.500,00 em seis parcelas sem juros no cartão.  Embarcamos numa quinta feira às 17:40 horas e chegamos as 3:45 horas da sexta, 7:45 horas na Alemanha. O voo foi tranquilo e sem turbulência, bom serviço de bordo. Novembro é conveniente e econômico, metade dos custos em relação a outros meses de final de ano. Pelas minhas contas, a viagem saiu 15 % mais barata que 2 semanas no final do ano em Gramado-RS.   

Nosso trajeto na Alemanha, começando e terminando em Frankfurt.

Nossa preocupação era o frio de novembro na Alemanha (incluindo os Alpes), superamos bem. O nosso  transporte entre cidades e passeios foi  em 2 carros com GPS alugados na empresa rente car Dollar.    O trajeto foi de 1.400 Km saindo de Frankfurt e incluiu Wurzburg,  Rothenburg ob der Tauber, Garmisch-Partenkirchen, Salzburg na Áustria, destacando-se Hallstatt, com retorno para Frankfurt via Nuremberg.

O grupo se hospedava em hotéis simples e decentes,  com exceção de Garmisch-Partenkirchen, importante estação de esqui nos Alpes alemães, onde alugamos ainda em Fortaleza para uma estadia de 5 dias uma casa por R$ 5.000,00, pelo Airbnb. Do nosso quintal a gente via os Alpes e de hora em hora passava um trem ao fundo. Retornamos 2 semanas depois, saímos de Frankfurt ás 10 horas da manhã, e sinceramente, sou incapaz de descrever qual foi a mais bela e agradável cidade visitada, foi realmente uma viagem dos sonhos.