VISITAR PRAGA

A viagem de São Petersbugo à Praga durou 1 hora e meia e chegamos no aeroporto De Ruzyne no dia 23 de agosto  ao meio dia. Ainda no avião Eunice conheceu uma médica que iria participar de um congresso sobre ética médica em Praga. Eunice me confessou que um dia até poderia trabalhar nessa área. A saída do avião foi ao ar livre, não tinha uma passarela fechada, recebemos uma rajada de vento que por pouco não me derrubou no chão.

Praga é dividida pelo rio Vltava, destacam-se o Castelo de Praga e a região Malá Strana, as cidades nova, velha e o bairro judeu, tendo como ícone a ponte Carlos.

A primeira impressão que se tem de Praga é de deslumbramento, para onde a gente olha, sejam praças, pontes e monumentos, percebe-se um componente delicado, um toque artístico. Nossa guia era a Tcheca Cristina, um amor de pessoa. É de estatura baixa, loirinha e extremamente atenciosa, educada e discreta. Só faltou receber a gente com flores na chegada e eu mencionei um elogio da Cristina para a Isabelle da Casablanca turismo aqui em Fortaleza. Na data da nossa partida para o Brasil, após esses dias de visita à cidade ela foi nos apanhar no hotel, numa madrugada fria e nos acompanhou até a revisão de bagagem e ingresso na sala de embarque. A língua tcheca é  complicada.

Nosso hotel era simples e aconchegante, ficamos em apartamento próximo ao do Valdeci e D. Mirian, em frente a um mercadinho que vendia tudo, até passe de ônibus. Tinha um bar nas proximidades onde se podia tomar uma boa cerveja tcheca e foi exatamente para onde fui, no mesmo dia que chegamos, sozinho para saber onde estou pisando, este é um velho costume meu. As 19 horas, ainda claro, fomos para o centro, ficamos passeando nas ruas de Praga apreciando o vai e vem de carros e pessoas.

Eunice em Nove Mesto – Praga 2013

Quando bateu fome seguimos para o restaurante  NOVOMESTSKY  PIVOVAR , Nove Mesto, coração comercial na cidade nova, o mais antigo e maior projeto urbanístico da Europa. As 20 horas nós 4 fomos a uma cervejaria típica de Praga, próxima ao teatro, jantamos beterraba, batatas em rodelas e uma massa tipo bolo de carne com verduras exatamente as 20:30 horas, acompanhados com canecas de chope de altíssima qualidade.

Observe-se que neste restaurante e choperia a gente fica vendo todo o processo de fabricação da bebida com a exposição dos equipamentos e serpentinas de cobre ao fundo do bar e isto parece que aumenta nosso prazer em beber a cerveja.

Nosso jantar no NOVOMESTSKY PIVOVAR – Praga-Rep Tcheca 2013

Tudo marketing. O chope tcheco vem em três diferentes graduações alcoólicas, 10, 12 e 14 graus e não me recordo bem qual foi o teor do chope que tomei.

De manhã, compramos os passes dos ônibus no mercadinho em frente. A gente pode ir para onde quiser, mas só por 3 horas. Recomendaram ter cuidado com punguistas e vendedores de moeda estrangeira, dólares.

Cesar vendo fabricar o Chopp. Praga 2013

 

Praga tem essa reputação, uma verdadeira praga de cambistas. Onde a gente anda tem um sujeito oferecendo dólares. Quando fomos para o centro, dentro do ônibus que passava em frente ao nosso hotel, um sujeito com cara de gangster me ofereceu câmbio e eu obviamente recusei. Por ter sido alertado antes, fiquei observando de longe e o achei extremamente suspeito.  Cuidado em Praga, especialmente em descuido. Levei meu radinho de pilha para ouvir algum noticiário, mas a língua deles é hermética e absolutamente intransponível para nós. Até as notas musicais são difíceis de se traduzir.

Nossa guia Cristina nos levou inicialmente para um museu judaico, igreja e cemitério de judeus que estava fechado e que remonta do século XV. Foi nosso batismo em Praga com a nossa querida guia Cristina. Aqui foi um local muito frequentado pelo escritor Franz Kafka que era judeu, fomos a um local boêmio onde ele frequentava, Eunice tirou uma foto em frente ao café e sentada no chão ao lado de um pequeno jardim com o nome Café Kafka, do grande escritor tcheco. Ele escreveu o Processo e Metamorfose, criando inclusive a escola literária kafkiana, do impossível, do inacreditável, bem em moda agora nesses dias incríveis de um mundo em profunda transformação.

Eunice em frente ao café Kafka em Praga na Rep. Tcheca. Agosto de 2013

  Do velho gueto judaico resta apenas um núcleo composto da Prefeitura Judaica (até 1850, o Bairro Judeu era uma cidade à parte), algumas sinagogas — a mais antiga, a sinagoga Staronova, de 1270, é a mais antiga da Europa. A Cidade Velha e sua Praça com barracas de guloseimas onde você pode saborear a linguiça com pãozinho típico da região, a igreja barroca de São Nicolau (o barroco da Europa Central difere do nosso barroco de procedência ibérica). Depois fomos para o Topicuv Salon, café com preço acessível, bem no centro em frente à praça central e é local de saídas de Tours. Conhecemos a igreja de Nossa Senhora, Jesuítas, Palácio da Pólvora, antiga prefeitura, câmara municipal e seu famoso relógio astronômico medieval, construído em 1410, ainda funcionando parcialmente. Diversas peças foram destruídas pelos nazistas, como o miserável, o vaidoso e os apóstolos, apêndices do relógio.

Cesar na ponte Carlos em Praga-2013

O interessante foi a visita a ponte Carlos, a mais velha de Praga e que separa partes da cidade. Tem de tudo nesta ponte sempre animada e cheia de turistas, músicos, pintores, poetas, vendedores de lanches e muita gente bonita e do mundo todo. A ponte começou a ser construída e 1357 e hoje está protegida por 3 torres. Esta magnifica ponte de 516 metros de cumprimento é conhecida pelas suas 30 estátuas de santos. A Ponte Carlos é a memória de mais de 600 anos de guerras, procissões e execuções e ao longo de 400 anos foi a única ligação entre as duas margens do Moldava. É um ícone de Praga. Visitamos a Igreja do Menino Jesus de Praga de onde trouxemos orações abençoadas. Nessa Igreja tem uma mensagem especial enviada pela nunciatura de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Ao meio dia estivemos no Castelo de Praga, e logo em seguida fomos para a Catedral de São Vito construída em 1344. Tudo ali é muito velho, mas muito bem conservado.  Fomos a Zahrada Valech, onde se tem uma vista panorâmica da cidade e em seguida aos pontos turísticos em Jeleni e Clementinum, complexo histórico de prédios com museus, Igrejas e órgão públicos.

Cesar, Valdeci e a tcheca Cristina na entrada do Castelo de Praga, 2013.

Chegou a hora do almoço e fomos para um restaurante central onde comemos frango com batatas e compramos 4 ingressos para assistirmos a um concerto que começaria as 16 horas na casa municipal.

Ficamos andando pelo centro e quando chegou a hora, fomos até aquela belíssima casa de espetáculo.  Os músicos eram de altíssima qualidade, só musica instrumental na base de violinos, repertório impecável, silêncio da seleta plateia (cerca de 300 pessoas) silêncio absoluto, e acústica apuradíssima, só parava para os aplausos contidos. Mas, quase no final, ainda bem, eis que baixinho, o celular do Valdeci recebe uma chamada e ele de uma forma extraordinariamente rápida, dá um salto e imediatamente desliga o aparelho. Olhei de lado, ninguém percebeu. Graças. Mais tarde perguntei de onde era o chamado e o Valdeci me disse olhando de lado; era do Chaguinha,  vixe, nosso bar predileto de Fortaleza, ali pertinho da reitoria. Estavam de  longe nos mandando sinais.

Eunice no Shopping Center em Praga, agosto de 2013

No dia 25 de agosto nós 4 fomos até o ônibus, após comprarmos umas frutas defronte ao hotel para passear no centro de Praga. Fomos bisbilhotar umas lembranças de Praga no Cerna Ruze, shopping center em Nove Mesto e descansamos em praças arborizadas, vendo as fachadas de belíssimos prédios, arquitetura ricamente preservada, sem nada pichado. Nesses momentos me lembro do Brasil, infelizmente nossas cidades são emporcalhadas com esses desenhos inteligíveis, as famosas pichações que alguns ainda teimam em defender, balões e até urubus de lixões que podem derrubar aeronaves.

Percorremos as belas ruas  e vimos  lojas de grife como HM, Douglas, Vutton. Valdeci até me sugeriu comprarmos umas camisas em conjunto para se obter maiores descontos, uma excelente sugestão para quem viaja em grupo. Praga é incrivelmente bela e adorei a praça Wenceslau com seus bares, cafés, pessoas bonitas passeando.  Chamou minha atenção uma família (Pai, Mãe e talvez a Filha) de músicos se apresentando naquela praça e recebendo dos turistas que povoavam o bucólico local oferendas em dinheiro dentro de uma caixinha. Escolhemos um restaurante central e almoçamos costeletas de porco com batatas. Valdeci afirmava peremptoriamente que se a gente usasse o cartão no débito não pagaríamos IOF e Eunice dizia que não. D. Mirian e eu assistimos aquela teima e até hoje não sei direito quem tinha razão.

Cesar e Eunice antes do concerto na casa municipal, 2013.

Terminamos o almoço e tomar o ônibus, a gente queria conhecer mais um pouco de Praga e voltarmos de graça no ônibus para o hotel. Seguimos viagem e o ônibus no deixou no final da linha, dizendo o motorista, pelo passe que exibimos que a gente não tinha mais direito de voltar, as 3 horas tinham se passado. E neste local não existia táxi, por sinal um sítio  meio esquisito. Isto nos deixou chateados e voltamos para o centro no pé dois.  Pelo menos a gente não estava com fome. Pegamos um táxi na maior sorte perto do centro e viemos para o hotel, todos estávamos calados, remoendo os fatos ocorridos. Neste dia fomos dormir mais cedo.

De manhã tomamos café e passamos o dia arrumando as malas, fizemos mais algumas compras no centro de Praga juntos. De noite tomamos um vinho no apartamento do Valdeci e D. Mirian. Às 3 da manhã Cristina veio nos buscar no hotel com um carro e motorista contratados.  Ela parecia que era nossa amiga há muito tempo, é esse tipo de pessoa que cativa e marca a gente e demos nela um forte abraço de despedida. Foi uma viagem memorável.

Poucos dias depois que chegamos à Fortaleza, fiz um elogio da guia Cristina de Praga sobre sua competência e presteza a agente de viagens Isabela da Casablanca de turismo e ela aproveitou o momento e me pediu por escrito minhas impressões sobre a viagem da Rússia acompanhada de uma foto para publicar na revista da empresa de turismo.

Autor: cesarcnpq

CESAR VIEIRA é cearense de Fortaleza

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